sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Início - O Último trem

  Este foi o primeiro conto que escrevi, que espero que continue, não consigo escrever com muita facilidade, as vezes demoro um pouco pra conseguir escrever um conto desses, até vir a "Inspiração" ou sei lá.
Mas enfim, espero que gostem deste meu novo projetinho...vou tentar conciliar isso aqui com a faculdade (que ta me deixando doido) sei que não vai ser fácil escrever e não sei quando vai aparecer uma idéia legal...  em todo caso, a série desses contos do metro começou com esse texto aqui.

O último trem.


Abro os olhos vagarosamente, as pessoas conversam em voz baixa, estão todos cansados depois de um dia de trabalho, e o balançar do metro embala o nosso sono. As luzes da cidade passam com preguiça do lado de fora.
O condutor anuncia a próxima estação. Não entendo nada do que ele diz. Junto com sua voz, a caixa de som produz um xiado insuportável... Ou sou eu que estou com sono mesmo?
O trem vai parando, as pessoas se levantando. As vozes parecem cada vez mais distantes. Quando olho as pessoas ao meu redor, o mundo parece estar em câmera lenta. Deve ser o sono... As placas da estação me contam onde estamos, "Parada Inglesa".
Sinceramente, não estou interessado em nada ao meu redor no momento. Um desanimo toma conta de mim. E arrependimento também. Devia ter passado a noite com ela.
Devagar as portas se fecham. O sinal toca, e se ouve, próxima estação...", a voz do condutor soa meio estranha.
Olho em volta mais uma vez, as pessoas continuam conversando, mas não ouço uma palavra, e esse zumbido no meu ouvido agora?
Levanto uma sombrancelha com indiferença.
As luzes do lado de fora estão mais cansadas que eu... agora não as vejo mais. As que aparecem agora estão apressadas dando um riso debochado e traiçoeiro.
O trem vai diminuindo a velocidade, parando, parando. Até empacar de vez. Olho ao redor, as pessoas estão tão acostumadas com isso que nem ligam mais.
A estação ja está próxima, então me levanto e fico em pé no meio do corredor.
As pessoas parecem lentas, mas eu também passo meus olhos bem devagar por tudo o que está dentro... e fora do vagão. Do lado de fora uma das lâmpadas pisca.

Uma menina balança a mão da mãe que ouve desinteressada a uma amiga.

Duas lâmpadas piscam próximas à janela.

Um casal se desentende em um canto isolado.

Três lâmpadas oscilam.

O trem volta a andar, um grito de agonia se ouve... Os trilhos reclamando com as rodas do trem?
A garotinha se desespera e sacode os braços da mãe, que se altera e a manda parar com uma ameaça de palmada...
A garota notou algo...
As luzes se apagam.
Um grito agudo de desespero, agonia e dor ensurdece a todos. A mãe chama por sua filha, suas mãos à procuram na escuridão.
"Marta! Marta! Minha filha onde você está?" ela entra em desespero.
Murmúrios agitados começam por todo o vagão, e eu, continuo imóvel no centro do corredor.
Um ruído surdo se ouve, algo pesado caiu próximo a mim, sem se mexer. Outro grito, mais outro e todo o vagão se torna uma confusão, gritos de socorro, súplicas e apelos religiosos se misturamcom pancadas violentas por todos os lados do vagão.
Ao longe pode se ouvir os gritos nos outros vagões do metrô também.
Aos poucos os gritos vão cessando. Sinto uma respiração pesada e um ar quente ao lado do meu rosto. Fecho os olhos calmamente, respiro fundo e imagino que vai ser a ultima vez que o faço...
Mais uma pancada ao meu lado. Um bafo forte em minha face, cheiro de morte. Em um único salto a coisa atravessa a janela de vidro, deixando-a em pedaços, e mais outra criatura salta para fora por uma janela mais distante.
O trem vai diminuindo a velocidade. Abro meus olhos, as luzes piscam e se firmam. Então posso ver o horror...
Corpos completamente ensanguentados, o sangue mancha todo o vagão de vermelho.
Pessoas amontoadas ao meu redor com olhares de desespero gravados em seus rostos por toda a eternidade, e em minha mente pelo resto de meus dias.
Bem próxima à mim, aquela garotinha... Como sua mãe havia lhe chamado mesmo? Marta...
Fito-lhe os olhos. Estão cheios de lágrimas, me olhando bem fundo, como que vendo minha alma.
Ela ainda está viva.
"Cadê a minha mãe? Ajuda ela moço por favor."
Olho ao redor, mas não a vejo, e sério respondo que ela sumiu... Quem sabe não dou uma experança à garota?
"Me tira daqui, por favor!"
Pego a garota no colo, ela esconde seu pequeno rosto em meu peito, e chora.
Saio do vagão, carregando-a no colo, pegadas de sangue me seguem, sento na escadaria da plataforma, aguardo os seguranças e rezo para que eles nos ajudem.
Eles aparecem, e desesperados perguntam o que aconteceu.
Eu abraço a garota, balanço a cabeça e sem saber o que dizer abaixo o rosto.

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